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Nuno Júdice (1949-2024) nasceu no Algarve. Professor universitário, assumiu em 2009 a direção da revista "Colóquio-Letras" da Fundação Calouste Gulbenkian. Publicou o primeiro livro em 1972 e foi um dos mais importantes nomes da poesia contemporânea. Recebeu os mais importantes prémios de literários nacionais e internacionais, entre os quais: Pen Clube (1985), Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus (1990), da Associação Portuguesa de Escritores (1995), Bordalo da Casa da Imprensa (1999), Cesário Verde e Ana Hatherly (2003) e Fernando Namora (2004). Em 2013, foi distinguido com o XXII Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana (Espanha); em 2014, com o Prémio de Poesia Poetas del Mundo Latino Víctor Sandoval (México); em 2015, com o Prémio Argana de Poesia, da Maison de la Poésie de Marrocos e o Prémio Literário Fundação Inês de Castro – Tributo de Consagração; e, em 2016, com o El Ojo Crítico Iberoamericano de Radio Nacional de Espanha.
LINHA 1 Cada poema tem uma sombra. Estendo as mãos e posso tocá-la, como se toca a sombra de uma árvore que foge de nós quando procuramos o seu abrigo. Assim, o poema é um jogo de luz: e a sua sombra recua e avança de acordo com a hora do dia. No fim do poema, porém, a sombra como desaparece. O poema fica a prumo; e o meio-dia salta de dentro dele, com a sua luz inteira, como se o poema fosse uma realidade transparente e se pudesse olhar, através dele, a circunferência do mundo.
Nuno Júdice, em Linhas de Água (2000)
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